segunda-feira, 7 de abril de 2014

Escrever


7 de Hemingway


Via homoliteratus

1) Escrever bem é escrever sinceramente. Se um homem está escrevendo uma estória, será verdadeiro e sincero em proporção à soma de conhecimentos da vida que ele possui (…) Se ele não souber como muitas pessoas agem e pensam, como se processam os seus pensamentos e ações, a sua boa estrela poderá poupá-lo por algum tempo ou talvez possa escrever estórias da carochinha. Mas se continuar escrevendo sobre aquilo que não conhece, acabará por descobrir que não passa de uma fraude, de uma mistificação.

2) (…) Se escrever a lápis, isso dá-lhe a possibilidade de ver o seu trabalho três vezes, para certificar-se de que está realmente comunicando ao leitor aquilo que você lhe quer dar. Primeiro, quando lê o que escreveu; depois, quando o original é datilografado, tem nova oportunidade para aperfeiçoá-lo e, finalmente, na prova tipográfica.

3) O melhor é parar sempre quando o negócio está saindo bem e você sabe o que irá acontecer a seguir. Se você fizer isso todos os dias, quando está escrevendo um romance, nunca ficará engasgado num beco sem saída. (…) Desta maneira, o seu subconsciente estará trabalhando ativamente em torno do assunto o tempo todo.

4) É inútil escrever qualquer coisa que já tenha sido escrita antes, a menos que você possa superá-la. O que um escritor tem a fazer, no nosso tempo, é escrever o que não foi escrito antes ou bater os escritores mortos naquilo que fizeram. A única maneira que ele tem de saber se vai andando bem é competir com os mortos. A maioria dos escritores vivos não existe. (…) É como um corredor de milha fazendo o percurso contra-relógio em vez de tentar, simplesmente, bater quem estiver correndo na pista com ele. Se não correr contra o tempo, nunca saberá o que é capaz de atingir.

5) Observe o que acontece hoje. Se encontrarmos um peixe, observe exatamente o que cada um faz. Se sentir um súbito alvoroço, uma excitação peculiar, quando vir o peixe saltar fora da água, reconstrua todas as suas recordações até perceber exatamente qual foi a ação que provocou em você aquela emoção. (…)

6) Depois meta-se na cabeça de outra pessoa, para variar. Se eu berrar com você, procure imaginar tanto o que é que eu estou pensando como o que você sentiu quando eu berrei. (…)

7) Quando as pessoas falam você deve escutá-las completamente. Não fique pensando no que vai responder, no que deve dizer a seguir. A maioria das pessoas não ouve. Você deve estar capacitado para entrar numa sala e, quando sair, saber tudo o que ali viu e não só isso. Se essa sala lhe despertou algum sentimento, deverá saber exatamente o que foi que lhe deu esse sentimento. (…)


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